sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Lei torna obrigatório o 'teste da orelhinha'

Hospitais e maternidades públicas do Brasil serão obrigados a realizar gratuitamente o "teste da orelhinha", nome popular do exame de Emissões Otoacústicas Evocadas, utilizado para identificar problemas auditivos em recém-nascidos. A lei foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e começou a vigorar desde o dia dois de agosto.

O teste da orelhinha dura apenas cinco minutos, não dói e serve para identificar problemas de audição. O resultado sai na hora e o procedimento é feito por uma fonoaudióloga que coloca uma sonda no ouvido da criança. O equipamento emite som suave para verificar se a audição está dentro dos padrões. Quando há problema o bebê é encaminhado a um especialista.
De acordo com a fonoaudióloga e responsável pelo teste do Hospital Queluz, Cristiana Alves Rodrigues Pereira, a lei veio contribuir para que todos tenham acesso ao teste, que serve para identificar 90% das perdas auditivas, desde as mais leves até as mais profundas.
Ainda segundo ela, uma deficiência não diagnosticada é capaz de trazer consequências para o desenvolvimento da criança. "Os efeitos comprometem a comunicação e a linguagem, que podem provocar reflexos para toda a vida, desde impactos na escola até a inserção no mercado de trabalho", explica. Ela ainda acrescenta que, quanto antes o problema for descoberto, melhor para sucesso do tratamento.
Em Lafaiete o teste já acontece no Hospital Queluz e na Maternidade e é realizado - como recomenda a fonoaudióloga - até, no máximo, três meses após o nascimento do bebê. Desde que a lei entrou em vigor o Hospital Queluz registrou um aumento substancial no número de procura pelo teste. "Antes da lei eram cerca de 40 a 50 exames realizados, agora este número aumentou para 95 a 130 crianças mês por atendimento", comemorou a especialista, que alertou aos pais ou responsáveis que o teste é simples, rápido e indolor à criança, mas que pode livrá-la de muitos problemas auditivos no futuro. "De 1000 crianças, em duas são constatadas perda auditiva", informou.
"Há os chamados bebês de risco para a surdez. São os casos em que já existe um histórico de surdez na família, intervenção em UTI por mais de 48 horas, infecção congênita (rubéola, sífilis, toxoplasmose, citomegalovirus e herpes), anormalidades craniofaciais (má formação de pavilhão auricular, fissura lábio palatina), fez uso de medicamentos ototóxicos, entre outros. Se o Teste da Orelhinha já e importante para uma criança sem problemas, imagine para esse grupo de risco?", alertou.
Durante a reportagem, o pequeno Mateus Henrique Oliveira, de três meses, estava com seus pais, se preparando para fazer o teste. Simples e indolor, o teste foi realizado e livrou Mateus de muitos problemas que poderiam surgir. Para seu pai, Lucas Lopes de Oliveira, conselheiro Tutelar da cidade de Capela Nova, a lei veio para colaborar com a saúde das crianças e, por meio dela, muitas terão resguardados seus problemas auditivos. Ele revelou que não sabia da lei, mas que ao tomar conhecimento e ao ser avisado pelo hospital, resolveu garantir a saúde do filho. "É preciso que os pais saibam da Lei, façam o teste e livrem os filhos de complicações futuras", comentou.
O teste da orelhinha já é um exame que consta da tabela de procedimentos do Sistema Único de Saúde, oferecido gratuitamente à população, porém, não estava disponível em alguns hospitais e maternidades do país. Com a regulamentação, será fixado o prazo para que os serviços de saúde sigam o que foi determinado pela lei, no entanto, não há definição do prazo.

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