terça-feira, 14 de junho de 2011

Famílias em crise

Crises de relacionamento, falta de diálogo e brigas constantes destroem famílias inteiras


Renato Crispiniano

A todo o momento somos bombardeados pelos meios de comunicação por notícias que envolvem a família. Filhos que matam os pais por heranças, pais que covardemente agridem ou estupram os filhos, mães que abandonam recém-nascidos em latas de lixo; nua realidade brasileira que se confirma a cada novo fato.

De acordo com o psicólogo e especialista em família, Ernani Henrique Fazzi, o que está acontecendo seria uma inversão de valores causados pela falta de mecanismos; seja social, político e até psicológico no trato com as famílias. Para ele, é preciso que medidas públicas sejam criadas e façam com que a família se estruture e tenha condições de sobreviver num mundo que tanto apela para o “ter” e o “poder”. “A violência contra a família envolve questões sociais, o que influencia o relacionamento humano e atinge o ambiente familiar que fica mais fragilizado. Perde-se o parâmetro da própria família, ou seja, daquilo que representa a autoridade do pai e da mãe, a função do filho e o próprio lar; fica a mercê das novas ideologias e dos novos paradigmas que se impõem dentro da sociedade”, afirma.

Causas

As causas para essa crise são muitas e como enumerou o psicólogo, a principal delas é a falta de tolerância, virtude principal para que as pessoas possam conviver em harmonia. “Hoje a sociedade perdeu a capacidade de se tolerar”, disse. Outra causa seria a falta de parâmetros dentro da própria família que muitas vezes é desestruturada pelo sistema que cria modelos não compatíveis com a realidade e fogem do padrão dito normal. “Os modelos criados hoje não conseguem substituir a base, a família. É importante que as pessoas tenham uma história construída juntas e cumplicidade de saber as fraquezas do outro”, revelou o psicólogo.

Para o coordenador da Pastoral da Família da Arquidiocese de Belo horizonte, padre Jorge Alves Filho, os males que afligem a família são os vícios; a falta de trabalho; as novas tecnologias, que dificultam o relacionamento e a violência doméstica. “Se cada família tiver seu problema interno solucionado, a sociedade será por consequencia beneficiada”. Ainda segundo ele, a instituição família não está falida são as pessoas que tentam disseminar esta falsa idéia. “Apesar de todas as situações que vivemos no mundo ainda é importante ter a família, pois ela é a base e para quem voltamos. Ela é ainda o único porto seguro que nos resta para que aprendamos a ser cidadãos e a respeitar os outros. A família tem é que retomar o seu papel dentro da sociedade”, disse. “Dialogar é fundamental”, revelou o psicólogo ao esclarecer que as famílias não têm mais tempo para conversar e isso está acarretando na falta de presença dos familiares, fazendo com que os vínculos não aconteçam de forma verdadeira.

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