Educar criança hoje é uma tarefa muito difícil para os pais. Num mundo onde as regras são sempre quebradas e a liberdade assume dimensões que muitas vezes mesmo com restrições não acontecem e os limites têm que ser impostos, umas palmadinhas (sem violência) dadas para corrigir as crianças está sendo discutida através de um projeto de Lei. Parece que o governo quer acabar com a prática
Mãe de três filhos; Mateus, 8 anos; Maria, 5 e Luiz Henrique de 2, a doméstica Marcela Jesmund, do bairro Paulo VI, cuida de seus filhos com dignidade, mas preocupada com a situação da violência e das más influências geradas com a convivência. Abordada sobre a proposta da lei que proíbe palmadas, beliscões e outros castigos físicos a crianças, a doméstica se declarou contrária por pensar que a lei não reflete a realidade e poderia deixar os pais sem ação diante da imposição de limites aos filhos. Para ela, palmadi-nhas corretivas e sem violência, não acarretam lesão contra as crianças, mas sim representam dar educação aos filhos.
Ao revelar que já levou umas palmadas da mãe, a doméstica disse que não se sente revoltada, mas acha que ela hoje só tem a agradecer pelas lições que seus pais lhe deram. "Hoje, muitos filhos perderam o respeito pelos pais", disse.
De acordo com outras mães entrevistadas, a situação preocupa e assinala para a falta de limites e o caráter corretivo que a palmada tem no sentido de educar as crianças. Muitas questionaram a Lei e revelaram que, no dia a dia, os pais estão perdendo o controle sobre seus filhos e que repreendê-los faz parte de uma boa educação.
É preciso esclarecer que ninguém faz apologia à violência contra as crianças e o sentido de palmadas que ameacem a integridade física dos mesmos. Para os pais, o sentido único das “palmadinhas” é manter as crianças quietas e conscientes de sua obediência. "As palmadas desde que existe o mundo são um modo que os pais têm de interferir nas atitudes insensatas e erradas dos filhos", ressaltaram.
Em Lafaiete muitos ainda estão indecisos quanto a Lei e algumas mães entrevistadas se declararam a favor do projeto, pelo caráter violento das palmadas. Outras são completamente contra. Contudo especificaram a opinião justificando o contexto da palmada na vida de seus filhos.
Para a vendedora Maria Aparecida dos Santos, que reside na Chapada e que teve doze filhos, as palmadas para educar não são modos de violência, mas devem ser para que a criança aprenda a não desrespeitar os pais. Ela, que cuidou de seus doze filhos, disse que a receita é dar carinho e conversar, pois através do diálogo, é que a educação acontece. "Nunca bati nos meus filhos, mas é preciso compreender que as palmadas servem, muitas vezes, para educar", disse. Seus filhos já estão o mais velho com 29 anos e o mais novo com 12. "Hoje vejo que meus filhos passam muitas dificuldades para criar os deles. A diferença de tratamento e as dificuldades financeiras são grandes", completou.
Já para a doméstica, Cirlene da Silva Morais, de Miguel Burnier, município de Ouro Preto, as palmadas não resolvem. Ela é a favor de uma legislação mais rígida voltada para a causa. Segundo ela, muitos pais abusam das crianças e não percebem que estão violentando-as. "É preciso encontrar no diálogo um modo de resolver os problemas. Bater só piora a situação", afirmou. Cirlene é uma dona de casa, que estava com seus dois filhos, Gabriele, de 6 anos e Gabriel de 11 meses. Para ela, seus filhos estão aprendendo que os limites são dados pelo diálogo e pela não satisfação de algumas vontades. Contrária à posição de Cilene, a professora Carla Roberta Pereira, do bairro Paulo VI, disse que não concorda com a lei e que é preciso impor limite às crianças. Para ela as palmadinhas fazem parte da educação. "Como vão ficar esses meninos e meninas de hoje?", indagou a professora ao esclarecer que já levou palmadas da mãe, mas hoje entende que foi para seu aprendizado e crescimento.
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