quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sabedoria e vitalidade das nonagenárias piranguenses

A sabedoria é uma virtude que se conquista com o tempo e desfrutar deste dom é o que faz Dona Cacilda Nunes Fernandes, mais conhecida como "Dona Cacilda". Aos 98 anos, lúcida, feliz e de bem com a vida, é respeitosamente cuidada por suas filhas que a oferecem uma atenção ímpar.
Feliz por estar no meio de todos e orando fervorosa à Senhora do Rosário é uma das mais antigas personalidades piranguenses, que guardiã do Rosário busca ajudar a todos e manter viva as manifestações religiosas e culturais daquele bairro. Contadora de histórias tem ainda em sua memória muitos contos de seus antepassados e da passada e recente história piranguense.
Nascida no dia 8 de fevereiro de 1912, em Piranga, Dona Cacilda, morou muitos anos na Rua São Sebastião, o famoso "Quebra" conhecido por suas personalidades e incentivadores de festas e Pereiras. Foi vizinha do Cônego Felício Abreu Lopes, de quem lembra da evangelização que fez na cidade por 48 anos.
Diplomou-se com nota 10, na Escola Estadual Coronel José Ildefonso, cujo diretor era o professor Amado Cândido Rodrigues e a professora de classe, Dona Fermina Queiroz. Aos 18 anos casou-se com o jovem músico José Aurélio Fernandes, quando mudou-se para a Rua do Rosário, em frente à Corporação Musical Santa Cecília.
Mãe devotíssima e esposa fiel, Dona Cacilda teve sete filhos, entre eles, cinco mulheres e dois homens. Apaixonada e devota fervorosa de Nossa Senhora do Rosário, fez dela sua inspiração e protetora da família.
Mulher exemplar, Dona Cacilda esbanja bom humor e vontade de viver e pode ser considerada um exemplo de bondade e ajuda mútua. Seu exemplo ficará para sempre e será sempre a guardiã do Rosário e de suas histórias.
O trabalho é sua marca registrada. Lavar e passar roupas são suas especialidades. Como ninguém, Dona Cacilda, conta histórias apreciáveis de seu relacionamento, quando jovem, com o coronel Amantino Maciel e do Dr.Cícero Ildefonso. Está sempre bem disposta e é envolvente e simples em seus atos de lidar com as pessoas a quem cativa com seu carinho e disposição. Todo o final de semana vai à igreja e não perde uma missa além de acompanhar até hoje os ensaios do Coral Cristo Rei. O que gosta mesmo de fazer é rever os amigos e passear.
A esta guerreira, homenageamos e pedimos a Deus e a Virgem do Rosário que possam protegê-la para que continue a transmitir vida e vida em abundância a todos que a procuram e ouvem admirados suas histórias.
Infelizmente nossa cultura não é de valorizar o idoso e seus conhecimentos, é preciso que isso mude e que em exemplos assim nossa humanidade possa se espelhar para que a vida possa ser completa e ter sentido. Como Dona Cacilda, todos devemos aprender que é preciso despertar e se solidarizar com todos os problemas do município e que através da união de todos chegaremos a fazer desta a melhor cidade para se viver.
Como o poema que também homenageia a "Vovó Cacilda", também entoamos em coro: "Ò D. Cacilda, Senhora do Rosário! Seu nome ficará em nosso relicário!”

Especial Correio de Minas – Julho 2010
Reportagem: Renato Crispiniano

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